PUSH Migration Lab entrevista Amalia Herrera

| Trabalhar com artistas de diversos lugares a expôs a novas ideias e / ou prática artística que você não havia considerado antes?

Sim. Já tinha trabalhado para o público jovem em escolas, instituições de ensino onde o teatro e a dança são considerados uma ferramenta para o desenvolvimento pessoal, emocional e social da criança, sendo o enfoque quase sempre mais didáctico do que artístico. Gostei do intercâmbio com artistas de diferentes países, áreas, experiências para mexer com as minhas e pensar como o nosso público recebe os nossos trabalhos.

| Pensando no tema principal do Laboratório (ou seja, migração), até que ponto o projeto permitiu que você desafiasse ou mudasse seu próprio pensamento nesta área? E você ficou surpreso com a forma como mudou seu pensamento em relação a esse tema?

Eu me considero uma artista migrante, já que a questão onde fica nossa casa? foi impactante para todos nós que participamos do Laboratório para pensarmos onde sentimos  nossa casa, nosso país, cidade, nacionalidade. Sim, fiquei surpresa ao ouvir o grande número de crianças que migram, a força e resiliência que desenvolvem em sua experiência de migração e a grande oportunidade de transformar essa experiência em criatividade, liberdade, solidariedade.

| Como você usará seu aprendizado / nova maneira de pensar sobre a migração daqui para frente? Como, se houver, terá impacto em seu trabalho / prática futura? E como, se for o caso, você será capaz de usá-lo para influenciar ou impactar outras pessoas?

Sim, gostaria de pensar sobre a migração no próximo trabalho de criação de um solo que estou desenvolvendo, que trata de onde sentimos que desenvolvemos raízes, ou se essas raízes são móveis como plantas que têm raízes na água, em movimento constante.

Gostaria de sensibilizar as pessoas sobre a diversidade da humanidade que somos, e que apenas um abraço, um olhar nos conecta com essa humanidade. A cultura nos enriquece, pois a diversidade de alimentos que nos alimentam é semelhante ao que aprendemos e nos enriquecemos com as culturas. Mas nem sempre é tão bem aceito, e podemos mover de lugar esse pensamento de generalizar, dominar, colonizar do ponto de vista de quem tem mais recursos ou forças para impor o que considera “sua verdade”. Acho que é tão móvel quanto água.

| Pensando no laboratório, quais foram os principais pontos fortes ou os “pontos altos” de participar do laboratório?

O grupo de pessoas, a sensibilidade ao assunto, a orientação de Veronica com muita delicadeza, o cuidado, a atenção e o profissionalismo para com os nossos pontos de vista.

Senti muito respeito e abertura por parte do grupo e também dos organizadores do Laboratório.

| E quais, se houver, foram os principais pontos fracos ou os “pontos baixos” do Laboratório?

Sinceramente, não senti nenhum desconforto, nem falta de nada. Trabalhamos com crianças onde conseguimos criar nossas motivações para trabalhar e planejar atividades em grupo, recebemos palestras sobre o assunto, íamos juntos ao cinema. Estávamos todo o tempo do Laboratório envolvidos com o trabalho.

| Se você tivesse um conselho para os organizadores dos laboratórios futuros, qual seria?

Talvez participar de um programa de festival, poder dar um workshop ou mostrar um trabalho em andamento para feedback e debate com o público pode ser uma ideia interessante.

| Considerando tudo, qual, você diria, foi o principal ponto de aprendizado para você como artista durante aquela semana? Qual é a principal coisa que você levará do laboratório?

A força, a confiança, a solidariedade e o potencial artístico de trabalhar em grupo com uma liderança respeitosa e profissional.

| Há mais alguma coisa que você gostaria de dizer sobre o laboratório de migração que eu não dei a você a chance de dizer?

Gostaria de ter a oportunidade de desenvolver ideias, potenciais trabalhos que vislumbramos nesses 10 dias, e ter a oportunidade de nos encontrar mais vezes. Ou seja, a possibilidade de dar continuidade ao trabalho iniciado e desenvolvê-lo em um trabalho conjunto, que pode ser um espetáculo, uma aula-performance, um debate, uma oficina. Um trabalho que podemos continuar depois de receber este rico estímulo.

Obrigada

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