[2023] Lila

Nesta performance, a bailarina Amalia Herrera apresenta uma homenagem a todas aquelas mulheres que constróem a nossa vida.

“Quando soube que minha avó havia partido, tive vontade de correr para abraçar algo que me lembrasse a imensidão que sentia quando eu a abraçava. Chovia muito e eu estava do outro lado do oceano. Era impossível tocar seu corpo antes de entregá-lo à terra, como ela queria ser recebida.

A primeira coisa que fiz foi correr para o meu pátio na chuva e ir tocar a terra, espremê-la, acariciá-la e sentir a mão dela apertando a minha.

Seu jardim está cheio de plantas, árvores, sementes, brotos, nascimentos, transformações, lembranças, brincadeiras, histórias, segredos, lágrimas, amor. É no pátio da casa da minha avó que precisei dançar para me despedir dela no seu lugar preferido, onde brinquei durante toda a minha infância.

Despedi-me dela abraçando as suas plantas, ensinamentos da terra, que infinitamente nos transforma e nos replanta, porque nela habitamos terrenamente.

Com minha avó Lila aprendi a força do silêncio que semeia, alimenta, resiste e brota em figos, pêras, laranjas, nêsperas, abóboras, cebolas, acelgas, cenouras, alhos e ervas.

As ervas eram para nos curar, para pensar, para compartilhar e descobrir. Ela sabia tudo sobre o poder das ervas transmitidas por outras mulheres de sua linhagem”.

Mais informações no website do Instituto Cervantes (Holandês) (Espanhol)