* Original en portugués. Próximamente traducido al inglés y al español.
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Graciela trabalha para que esta movimentação tenha a maior flexibilidade, elasticidade, tanto no nível corporal, quanto no mental, emocional e, energético, em suma, para que a essência possa se expressar da maneira mais autêntica possível. “A essência pode-se desdobrar e ser vida, energia, luz e, inteligência” [27], diz Graciela.
No processo para um trabalho artístico, Graciela está interessada em que o artista integre e queira conhecer todas as possibilidades do seu ser, que trabalhe sobre si e não somente na prática corporal. Deixar transparecer o híbrido (teatro-dança, pessoa-artista, bailarino-não bailarino) é o diferencial na movimentação num coletivo que dança na sua tentativa de encontrar o porquê de movimentar-se.
Nesta tentativa está a busca; dos próprios bailarinos/atores, tanto por pesquisar e investigar a temática proposta pela criação da qual estão fazendo parte, quanto pela sua participação como artistas e seres humanos que crescem, se modificam, aprendem e se transformam à medida que transcorre o processo criativo (na proposta de Graciela Figueroa). A motivação de criar a dança no espaço tem a ver com abrir o olhar e ser olhado pela dança construída e configurada segundo esta coreógrafa, e também com trabalhar desde as dificuldades ou desde as facilidades na movimentação dos bailarinos.
Os fios criativos dos bailarinos participantes chegam ao espaço cênico para construir as imagens e pensamentos que acontecem e vem até nós em forma de dança.
A ideia de dança para Graciela apresenta uma mistura de concepções estéticas da dança e formas que vem do ballet clássico, da dança moderna, de propostas coreográficas mais atuais, ou formas que podem remeter a um ritual mais primitivo.
A intenção é sempre a de estar como um corpo inserido numa determinada cultura, uma “essência”, como Graciela a descreve, consciente e relacionada ao coletivo, ao mundo, junto a uma técnica que atravesse o ser humano que cria e se constrói em movimento.
…somos pequenos pontos conectados por fios a algo maior, longe e perto, juntos e separados formando um grande tecido humano…(FIGUEROA, 2003)
Através do movimento, as práticas nas aulas visam uma ressonância entre aquilo que pensamos, sentimos e fazemos. Através das relações, convivências e vínculos nas aulas ou nos processos de criação de um espetáculo, Graciela Figueroa busca acessar o plano de transformação da pessoa em movimento, no sentido da descoberta de novas possibilidades, somando-se às já experimentadas pelas pessoas presentes. A ideia de transformação através do movimento; e também as palavras ditas nas aulas ou nos processos de criação conduzidos por Graciela vão sendo entendidos pelas pessoas na medida em que eles experimentam sem críticas, expressam e comemoram a alegria de dançar juntos, como uma reconciliação com as maneiras de comunicação ancestrais que o ser humano sempre teve e esqueceu.
A ideia de transformação é muito importante, tanto nas aulas quanto no processo de criação dos espetáculos. Conta Antonio Soubiron [28] que, “a maneira de Graciela trabalhar numa aula ou no processo criativo de um espetáculo é se aproximar do bailarino, ator, aluno e dizer alguma coisa pontual que está precisando ser trabalhada e deixar que o dito toque interiormente a pessoa”.
Existe uma inquietação e preocupação pelo trabalho do crescimento individual e coletivo da pessoa que dança -individual pelo que a pessoa (seja bailarino ou aluno no Espacio de Desarrollo Armónico) vai conhecendo da própria história, postura, maneiras de comunicar e receber as vivências desde e com o seu corpo; e coletiva quando esses corpos unidos liberam uma força para a sociedade e o mundo no sentido de tocar temas mais abrangentes que as próprias histórias pessoais como temas sociais, econômicos e, ambientais que atingem a história da humanidade e são expostos nos espetáculos de Graciela.
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[27] Entrevista a Graciela Figueroa realizada pela autora em janeiro de 2012.
[28] Bailarino, ator e docente do Espacio de Desarrollo Armónico e integrante do Grupo Espacio dirigido por Graciela Figueroa. Entrevista realizada pela autora em julho de 2011 em Montevidéu.